sábado, 9 de maio de 2020

Crônicas do desastre financeiro: #3 Joãozinho toma prejuízo homérico, se enrola no IR e tem uma ideia genial!

Fala pessoas? Tudo de boa?


          Sejam bem-vindos a mais um capítulo da série crônicas! Já adianto que dessa vez o nosso protagonista Joãozinho se superou de vez, veremos o porquê logo abaixo!
Spoiler: Joãozinho no mercado financeiro.

              Relembrando os primeiros capítulos da saga: no primeiro episódio Joãozinho, sem nem saber como a poupança funcionava, resolveu se desbravar no mercado de mini contratos de dólar, renda variável avançada e arriscada, e como previsto tomou aquela tamancada que o fez se afastar da renda variável por muito tempo...
          No segundo episódio, orientado por "calls" adquiridas de gurus de casa de research e pelo desespero de ter que trabalhar mais por causa da reforma da previdência, usou uma estratégia "exclusiva" (rsrs) e passou a fazer daytrade de OIBR (depois fiquei sabendo que tinham outras tranqueiras também), e como esperado tomou uma ferrada gigante no rabo, prejuízo de mais de R$5.000,00 com a grande queda da bolsa, mas pelo menos aprendeu o prazo de liquidação financeira das operações em bolsa (depois, claro, de ter tentado reclamar na CVM kkk).  Vamos então aos novos acontecimentos:
          Um determinado dia Joãozinho entra em contato comigo, dizendo que a esposa, Sra. Joãozinho, havia ficado desempregada e que a renda mensal deles tinha caído pela metade... situação chata, orientei primeiro que ele parasse com os gastos supérfluos, pois Joãozinho sempre foi extremamente consumista (o último ataque de consumismo foi transformar sua casa inteira em "casa inteligente", gastando tubos de dinheiro com interruptores, tomadas wifi e assistentes inteligentes). Em seguida fui um pouco mais agressivo em relação aos investimentos, informei que a bolsa, na minha concepção, servia apenas para remunerar o capital que a pessoa já tem, ninguém fica rico produzindo dinheiro na bolsa do nada, falei sobre a importância da reserva de emergência e da necessidade de disciplina em poupar e investir pelo menos 10% da renda líquida em ativos de qualidade, ou seja, passei mais ou menos o básico para ele...
               Joãozinho aparentava ter entendido o recado e finalmente ter tomado ciência da gravidade da situação, passou a me perguntar a respeito minha opinião a respeito de algumas empresas e o que eu levava em consideração na hora de investir. Expliquei que meu foco era longo prazo, investia em empresas que considerava boas, resilientes, com vantagens competitivas e com um nível mínimo de governança corporativa etc, e Joãozinho começou a me dizer que estava "diminuindo os prejuízos" na bolsa, mas não me passou detalhes das suas operações... como a bolsa de forma geral teve uma subida considerável no final de abril, começo de maio, percebi que era apenas um reflexo geral mesmo...

Joãozinho com a subida geral da bolsa.

              A conversa ficou por isso mesmo, até que Joãozinho me manda mensagem, desesperado, falando que tinha que fazer declaração de IR e que não tinha a mínima ideia de como fazer, de quais documentos precisava e que o prazo estava no fim (ele não sabia da prorrogação até 30 de junho).
                Imagina a bagunça que seria a declaração de IR de uma pessoa que fez trocentas operações de day trade durante vários meses, com valores pequenos, sendo que é possível que em alguns meses  tenha obtido lucro "parcial" com ganho de capital e não recolheu o imposto até o final do mês seguinte? Saí fora dessa enrascada e sugeri que ele usasse sistemas ou aplicativos de cálculo de IR, de preferência o fornecido pela própria corretora dele, assim não precisaria transcrever TODAS as notas de corretagem... Joãozinho não ficou satisfeito quando percebeu que esses programas de cálculo de IR eram pagos (ou seja, mais um prejuízo para ele), e parou de mandar mensagens sobre o assunto... ainda estou na dúvida se pagou para fazer ou apenas deixou para pensar no problema depois, pois avisei que o prazo de entrega tinha sido prorrogado.
               Acontece que o ímpeto consumista de Joãozinho não deu trégua... adivinha a minha cara de surpresa e preocupação quando Joãozinho me manda uma foto de um carro zero quilômetro com um laço vermelho gigante sobre o parabrisa, cujo modelo de entrada custa R$60.000,00? Sim, em plena crise do coronavírus, com a esposa desempregada, salário próprio atrasado, com prejuízo na bolsa de valores, economia praticamente implodindo, adivinha o que Joãozinho fez? Acordou e decidiu, do nada: vou comprar um carro zero quilômetro... comprou um carro de no mínimo 60 mil, e com certeza financiado por longos anos a uma taxa "módica"... definitivamente Joãozinho está com uns parafusos a menos... apenas me limitei a dar parabéns para ele pela nova "conquista", afinal de contas respeito que a vida é dele e as mudanças, caso queira, devem partir dele mesmo... fico só no aguardo do próximo momento de desespero em que ele vai me procurar pedindo soluções milagrosas...

E aí leitor, bora comprar um financiado durante a crise?
 












                  
               

6 comentários:

  1. Esse é macho hein... Comprar carro em plena crise. Só se for muito rico para fazer isso, caso contrário.......

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Rsrs o cara é muito louco... penso comigo que ele deve se sentir infeliz com alguma coisa da vida e acaba tentando compensar com consumismo... pq com um mínimo de racionalidade qualquer um evita entrar em um problema desses

      Excluir
  2. Comecei a investir na bolsa no fim de setembro de 2019, no começo com prejuízos, num segundo momento comecei a ganhar aluma coisa, porém não sabia como funcionava a questão do imposto de renda e fiquei meio perdido no início.
    Não fiz tantas movimentações e mesmo assim já tive um certo trabalho para fazer o cálculo.
    Depois contratei esse serviço de calculadora que era oferecido para não ter todo esse trabalho.

    Como vocêcitou fico imaginando essas pessoas que fazem dezenas de movimentações, que vivem baixando preço médio etc
    Vira uma salada, depois de pouco tempo se você não organizar tudo, você fica mais perdido que cego em tiroteio, prefiro pagar pela calculadora.
    Fora que a quantidade de notas de corretagem que chegam pelo correio é grande e no meu caso pedi o cancelamento do envio, prefiro ter acesso as notas apenas pelo aplicativo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É verdade anon, deve ser uma situação infernal, melhor pagar uma calculadora dessas que automatizam o serviço, não vale fazer economia porca nessas horas...

      Excluir
  3. Tem gente que pede para se ferrar, só pode ! rs

    ResponderExcluir